Não se encontra bem neste mês de
agosto. Está em paz e sereno com todos. Alcançou, afinal, aquele topo dos
quarenta anos no qual a sensatez suporta as lembranças vergonhosas, covardes,
fracas e esquisitas e estende as culpas e derrotas pelo parapeito da janela
mais alta do fingimento. Entretanto, diz-se mais: tudo funciona bem: o
intestino, o sexo, os rins, o apetite, as mãos. Tudo. E se dinheiro não possui,
pouco o aflige a falta já costumeira. Incensos de variadas intenções queimam
com as lacunas da infância e do cotidiano. O rio quando seca expõe o leito. O
leito emergente cria despertencimento severo. As águas apreciam sobrenadar.
Existe um misto de despedida e beleza nos objetos. Agosto causa
intensa parecença com a desilusão. E o mundo assim se apresenta destituído e seco,
sucumbindo ao outono. Aos poucos, nesse mês ingrato e belicoso, frui o fio
verde claro quase azul de tão leve dos cântaros de argila marrom, entre a
vigília e a perene sensação entorpecida dos que nutrem vingança e clemência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário