Ela entrou magra em minha sala como sempre o
fez. Pediu-me um atendimento e reclamou do medo. O medo tolo, pensei,
de que estivesse ficando louca e de que a demitiriam caso solicitasse
afastamento médico. Uma dor assim que lhe corria nas costas e nos ombros
e na cabeça e por mais que se esforçasse não conseguia por em prática a
eficiência invejável de sua concentração, de seu sorriso,
de sua paciência, das revoltas engolidas de seu trabalho explorado
pelos patrões com o afinco ritmado dos que se julgam bons e donos dos
destinos alheios.
Eu sinceramente confesso, imaginei que fosse apenas um estresse. Perguntei sobre sua vida, sobre seu casamento, sobre coisas tais que a gente sabe que se revolucionam e agridem as almas mais duras. Mas ela, com aquela brancura fina, com aqueles dentes pequeninos e aqueles olhos atônitos amiudados por lágrimas não poderia comportar alma de tal feitio. Cães quando se cruzam é necessário respeitar-se o tamanho de seus corpos e gênios.
Qual a melhor parte do corpo para a morte nos tomar? Ah..., se pudéssemos escolher uma via serena para receber esta chefe de Estado, o que de fato ela o é, num tapete vermelho e com banda musical de uniforme impecável. A gente nem pode escolher pela vida. Fazemos opções, é certo, mas somente neste percurso entre os dois encantamentos. Podemos escolher pelos pecados, pelos vícios. Eu fiquei sabendo outro dia que o cérebro é indolor. Pode ir se desintegrando num crescente, progressão geométrica de razão dois, o sorriso dos idiotas se instala e nos emocionamos fácil esquecidos em asilos, manicômios e hospitais de toda ordem. Galopante. Nada é mais veloz que um cavalo.
Precisava vê-la saindo de minha sala depois que ajeitou a bolsa sobre seu colo e me agradeceu o cuidado com seus lamentos. Aqueles passos miúdos num salto doído de madeira e sem amparo foram retos. Do beiral da porta vi quando dobrou o corredor adiante. Até que sumisse de meu acompanhamento, não olhou pra trás e nem se importou com o vazio daquele chão liso. Ela me disse com segurança que era feliz e que amava as pessoas de sua vida. Mesmo assim, ela se foi.
Eu sinceramente confesso, imaginei que fosse apenas um estresse. Perguntei sobre sua vida, sobre seu casamento, sobre coisas tais que a gente sabe que se revolucionam e agridem as almas mais duras. Mas ela, com aquela brancura fina, com aqueles dentes pequeninos e aqueles olhos atônitos amiudados por lágrimas não poderia comportar alma de tal feitio. Cães quando se cruzam é necessário respeitar-se o tamanho de seus corpos e gênios.
Qual a melhor parte do corpo para a morte nos tomar? Ah..., se pudéssemos escolher uma via serena para receber esta chefe de Estado, o que de fato ela o é, num tapete vermelho e com banda musical de uniforme impecável. A gente nem pode escolher pela vida. Fazemos opções, é certo, mas somente neste percurso entre os dois encantamentos. Podemos escolher pelos pecados, pelos vícios. Eu fiquei sabendo outro dia que o cérebro é indolor. Pode ir se desintegrando num crescente, progressão geométrica de razão dois, o sorriso dos idiotas se instala e nos emocionamos fácil esquecidos em asilos, manicômios e hospitais de toda ordem. Galopante. Nada é mais veloz que um cavalo.
Precisava vê-la saindo de minha sala depois que ajeitou a bolsa sobre seu colo e me agradeceu o cuidado com seus lamentos. Aqueles passos miúdos num salto doído de madeira e sem amparo foram retos. Do beiral da porta vi quando dobrou o corredor adiante. Até que sumisse de meu acompanhamento, não olhou pra trás e nem se importou com o vazio daquele chão liso. Ela me disse com segurança que era feliz e que amava as pessoas de sua vida. Mesmo assim, ela se foi.
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